Bonecas Karajá da Ilha do Bananal em Tocantins |
O Conselho Consultivo do
Patrimônio Cultural aprovou, nesta quarta-feira, dia 25 de janeiro, o Ofício e
os Modos de Fazer as Bonecas Karajá como Patrimônio Cultural do Brasil. A
proposta foi apresentada ao Iphan pelas lideranças indígenas das aldeias Buridina
e Bdè-Burè, localizadas em Aruanã, Goiás - GO, e das aldeias Santa Isabel do
Morro, Watau e Werebia, localizadas na Ilha do Bananal, Tocantins – TO.
Para o presidente do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, Luiz Fernando de Almeida,
o registro do Ofício e dos Modos de Fazer as Bonecas Karajá “representa uma
dimensão de reconhecimento como patrimônio a cultura de comunidades indígenas,
como o povo Karajá, ainda pouco conhecida, mas que é fundamental dentro do
processo de formação do nós somos, do povo brasileiro”.
Cores fortes são características das pinturas karajá |
A coordenadora da Secretaria
de Cultura Indígena, da Secretaria de Cultura do Estado de Tocantins, Narubia
Karajá, acompanhou a reunião em Brasília e, muito emocionada, declarou aos
conselheiros que “este é um momento histórico para nós porque os senhores estão
dizendo que nós (o povo Karajá) somos importantes para o Brasil”.
A confecção das figuras de
cerâmicas – chamadas na língua nativa de ritxòkò (na fala feminina) e ritxòò
(na fala masculina) – envolve técnicas tradicionais transmitidas de geração a
geração. A atividade exclusiva das mulheres é desenvolvida com o uso de três
matérias-primas básicas: a argila ou o barro – suù; a cinza, que funciona como
antiplástico; e a água, que umedece a mistura do barro com a cinza.
Mais do que objetos meramente
lúdicos, as ritxòkò são consideradas representações culturais que comportam
significados sociais profundos, reproduzindo o ordenamento sociocultural e
familiar dos Karajá. Com motivos mitológicos, de rituais, da vida cotidiana e
da fauna, as bonecas karajá são importantes instrumentos de socialização das
crianças que se vêem nesses objetos e aprendem a ser Karajá.
Enquanto brincam com as
bonecas ou observam a sua feitura, as meninas recebem importantes ensinamentos
e aprendem também as técnicas e saberes associados à sua confecção e usos. Por
representarem cenas do cotidiano e dos ciclos rituais, elas portam e articulam
sistemas de significação da cultura Karajá e, dessa forma, são também lócus de
produção e comunicação dos seus valores. (Informações do site IPHAN)