A história da viagem de turismo a Alter do Chão
começa no aeroporto JK, em Brasília-DF, quando à bordo do avião, rumo a
Belém-PA, um passageiro ao escutar nossa
conversa sobre Alter, comenta: - “Para
mim é o melhor lugar do mundo.” ( Por Janete Monteiro e Mª Arienar da Abrajet-TO)
O comentário soa estranho pois vinha carregado de
um sotaque estrangeiro. Ao que logo foi explicado. O passageiro chamava-se
Samuel Frizer, americano, ele morava no Brasil há 10 anos. Decidiu romper com a
vida estressante que levava como corretor da Bolsa de Valores em Nova Iorque e
aceitou o convite de emprego para um lugar inesperado: Ilha de Marajó-PA.
Samuel conta sorrindo que, desde então, escreve um livro de memórias
intitulado: “De Manhattan a Marajó”, numa alusão as duas ilhas, do mesmo
continente, tão distantes e diferentes uma da outra. Foi em Marajó que ele
conheceu sua esposa. “O lugar que escolhemos para nossa lua-de-mel foi Alter do
Chão. Por isso, o lugar nunca saiu da minha memória”, diz ele.
Seguimos nossa viagem rumo a Santarém/PA - porta de
entrada para Alter do Chão -, com aquela história na cabeça.
Igapó ou igarapé - depende da estação seca ou cheia_foto Arienar |
Santarém
- Pérola do Tapajós
Santarém é a segunda cidade mais importante do
Pará. Possui cerca de 300 mil habitantes. Está localizada entre as duas grandes
capitais do Norte do Brasil, Manaus e Belém, margeada pelos imponentes rios Tapajós e
Amazonas.
Conhecida como “Pérola do Tapajós”, a cidade está
localizada numa área com mais de 24 mil m2, distante 850 km de Belém e é uma
das mais fortes potências turísticas do Estado do Pará, com um pátio hoteleiro
com 29 hoteis e 1.361 leitos.
Fundada em 1612, o conjunto arquitetônico de
Santarém é formado pelo Teatro Vitória, pela igreja Nossa Senhora da Conceição
e pelos solares do Barão de Santarém e do Barão São Nicolau, símbolos da
riqueza do látex da borracha. No centro da cidade, vale a pena uma visita ao
Museu de Arte Sacra. Outro ponto que o turista não pode deixar de visitar é o
Centro Cultural João Fona, que reúne cerâmicas e urnas funerárias tapajônicas,
montado por Laurimar Leal que está sempre por lá, pra receber os visitantes. O
prédio que hoje recebe o museu já foi cadeia, presídio, fórum, câmara de
vereadores e prefeitura.
Na orla da cidade, da Praça do Mirante do Tapajós,
você presencia o espetáculo do encontro das águas azul-esverdeadas do rio
Tapajós com as águas barrentas do Amazonas. Juntos, mas não misturados, por
pelo menos 5 km você vê claramente os rios enamorados caminhando para a inexorável
fusão da natureza. Para quem pensa que está isolado, ledo engano. Na orla, a
rede wi-fi atrai estudantes com seus notebooks e tablets que navegam livremente
com uma vista e uma brisa maravilhosas à sua frente.
Embarcações de grande porte - navios cargueiros e
transatlânticos - fazem a navegação de longo curso. De Santarém a Belém, via
fluvial, são 880 km de distância e, para Manaus, são 756 km. Alter do Chão,
fica ali pertinho, a 30 km do seu município-sede.
Alter do Chão – a melhor praia do Brasil
Das águas claras do Tapajós surgem um dos lugares
mais belos do Brasil - Alter do Chão, situado a pouco mais de 30 km de Santarém
via rodovia Fernando Guilhon. Conhecido como o caribe Amazônico, o lugar
paradisíaco é frequentado, costumeiramente,
por turistas do sul do Brasil e por europeus. Na baixa estação, o manauara
frequenta muito o local. Nos demais meses, são ingleses, italianos e
portugueses, dentre outros. A vila oferece três hoteis e 32 pousadas. A
frequência de turistas estrangeiros se deve ao fato de que o jornal inglês The Guardian, em 2009,
elegeu Alter do Chão, como a praia mais bonita do Brasil, à frente de badaladas
praias como a de Fernando de Noronha-PE e a do Arpoador-RJ. Outro fato que
contribuiu para atrair estrangeiros foi a inclusão de Alter do Chão no guia
turístico Lonely Planet - espécie de bíblia que os gringos levam nas suas
viagens. Assim, quando eles apontam a bússola para o Norte do Brasil, dois
destinos são obrigatórios: Manaus, capital amazonense, e Alter do Chão, em
Santarém-PA.
Casa de Levi |
O Estrangeiro Levi
Os estrangeiros realmente ficam encantados com
Alter do Chão. Muito deles, já fincaram morada por lá. Três guias da agência
que atendeu nossa equipe - a Vento em Popa, são estrangeiros: Michele -
italiano, e Wilson Max e Levi, alemães. Este último - Levi, tem uma história
particularmente interessante. Chegou em Alter há cerca de 10 anos e mora no
meio da floresta, às margens do igapó do Macaco, no Lago Verde. Vive de forma
totalmente sustentável. Subtrai da natureza o que precisa pra viver. Para
aumentar a renda, é guia e faz pão no forno à lenha que leva para vender na
Vila.
A casa de Levi fica bem no meio da floresta. É uma
construção no estilo rústico. Não possui paredes, tem dois pisos e um redário.
Na casa, nota-se a criatividade do casal: canteiros de hortas, uma estante
recheada de livros em inglês e alemão, um liquidificador à manivela e um
ralador de tábua e pregos, feitos pelos índios. Os pais de Levi, banqueiros
alemães, visitam o filho de tempos em tempos. Ele mesmo, disse que só volta a
Alemanha quando os filhos crescerem, apenas para lhes mostrar sua terra natal.
O espetáculo dos botos
Próxima à Vila Balneária de Alter do Chão estão
muitas praias exóticas e outras que mais parecem mar. Entre as mais conhecidas
estão: a Ilha do Amor, Ponta do Cururu, Ponta de Pedras, Jutuba, Caraparanaí,
Pajuçara, Arariá, Maria José, Salvação e Maracanã.
O local ganhou fama mesmo pela Ilha do Amor - a
praia de Alter do Chão, com suas águas mornas e transparentes e o morro da
Piraoca ao fundo. Na praia ficam os melhores restaurantes que servem pratos
típicos como o bolinho de Piracaia, o tucunaré na manteiga e a caldeirada de
pirarucu. À tardinha, é hora do passeio de barco até a ponta do Cururu para ver
o pôr-do-sol e os botos tucuxi e cor-de-rosa. Aí você vai entender porque o
marketing do Estado intitula o Pará de “a obra-prima da Amazônia.”
A praia de Alter do Chão é, sobretudo, muito
tranquila e aconchegante. Não é permitido som nas barracas e as canoas que
fazem a travessia dos turistas, funcionam a remo. Tudo para não poluir as águas
límpidas do Tapajós.
O lago verde, que circunda a praia em frente a Vila
de Alter do Chão, possui uma coloração esverdeada e se espalha em diversos
canais e enseadas. Ali, os navios de cruzeiros marítimos e iates particulares
fazem parada com seus visitantes ilustres como o Príncipe Charles, Bill Gates e
Arnold Schwarzenegger. Alter é também cenário de filmagens diversas. O filme
Tainá e outras produções nacionais tiveram locações por lá. Uma prova é que
durante nossa reportagem, nos deparamos com a equipe da Rede Globo nos igarapés
fazendo cenas de apoio para a minissérie “As Brasileiras”.
O símbolo da praia de Alter é um boto cor-de-rosa e
uma cruz, aliás, três numa só (veja a foto para entender). Mas essa é uma
história para uma outra reportagem que atende pelo nome de Festa do Sairé e não
deixa nada a desejar a famosa Festa de Parintins. Festejado no mês de setembro,
o Sairé atrai turistas do mundo todo e é marcado pelo confronto dos botos
Tucuxi e Cor-de-Rosa.
Borari, Catraia e Piracaia
Na Vila de Alter, aos poucos você vai se inteirando
do dialeto local. Nativo é borari (tribo de índios), canoa é catraia,
acampamento à margem do rio é piracaia... e por aí vai. Se você quiser se
aprofundar mais no assunto é só convidar um boto que ele lhe ensinará com muito
prazer esse e outros encantos de Alter, pois é assim que os nativos brincam com
as mulheres que visitam a vila: - “Cuidado com o boto...”, avisam eles em tom
de brincadeira, não sabendo que o nosso imaginário feminino até que desejaria
esse belo encontro.
Para aqueles que querem guardar essas belezas para
sempre na memória, façam como o americano Samuel Frizer e leve seu amor a
tiracolo na viagem a Alter. Os hoteis têm pacote de lua-de-mel. O melhor deles
é o Beloalter que oferece um pacote de núpcias a R$ 300,00 a diária, com
direito a café da manhã, servido no apartamento, entre outras regalias. Segundo
pesquisa da Secretaria de Turismo de Santarém, a hospitalidade é o que mais
agrada o turista, que, geralmente, volta a Alter, conforme constatou a
pesquisa.
COMO CHEGAR: Existem três opções partindo de Belém. De carro são
850 km. De barco, leva-se três dias e a passagem varia de 120 a 200 reais. Por
via aérea, a Tam, Gol e Trip têm voos regulares que duram uma hora. Compre sua
passagem com antecedência, senão você pode ter de desembolsar cerca de 800
reais pelo trecho ida e volta.