Com apenas sete quilômetros de extensão, a praia de Ostional, localizada a 350 km ao noroeste de San José, em Costa Rica, no Pacífico, é considerada o maior berçário do mundo para a conservação da Lepidochelys olivacea, espécie de tartaruga marinha. Entre os meses de setembro e novembro, ano após ano, após o por do sol, milhares de tartarugas-fêmeas saem do mar, avançam pela praia cerca de 50 metros, fazem um ninho e depositam em média cem ovos cada uma.
Em seguida, tapa
cuidadosamente o buraco com as patas, para evitar os predadores. A difícil
tarefa leva cerca de uma hora e meia. Para quem tem a sorte de assistir, como
os moradores locais, este é um dos maiores espetáculos da natureza, conhecido
pelos costa riquenhos como: a arribada das tartarugas marinhas. As imagens
chamam a atenção no santuário ecológico e beiram as raias do
surrealismo pelo menos para quem nunca viu um fenômeno dessa magnitude.
Quando as frágeis tartarugas
chegam são devidamente recepcionadas nas areias pelos moradores da comunidade
local, que se preparam com ansiedade para este momento. No início da desova
aparecem grupos de 500 mil fêmeas para dar início ao processo de reprodução.
Mas, logo se somam a outros grandes grupos, podendo totalizar a desova de
inacreditáveis 1 bilhão 600 milhões de ovos.
Todavia, ao contrário do que
podem fazer supor estas imagens fora do seu real contexto, o recolhimento de
menos de 1% dos ovos pelos habitantes locais significa, na realidade, um dos
maiores esforços já empreendidos para a preservação da espécie, com o devido
apoio e reconhecimento de organismos científicos internacionais e entidades de
defesa ambiental, como o combativo Greenpeace, entre outros.
PRESERVAÇÃO
O local da desova é uma faixa
de areia escura e o calor do sol durante o dia apodrece o material orgânico
depositado na praia muito rapidamente. Os ovos que não são destruídos pelos
predadores naturais, dentre algumas aves de rapina, não chegavam a eclodir
devido a contaminação por bactérias e outros agentes oriundos da decomposição.
Por isso, o pesquisador da
Faculdade de Biologia da Universidade da Costa Rica, Douglas Robinson, há quase
30 anos, idealizou um projeto envolvendo as famílias da comunidade de Ostional
numa espécie de coleta seletiva de ovos. Eles são treinados para a tarefa sob o
monitoramento de membros da Universidade, do Instituto da Pesca e do Ministério
do Ambiente, que até hoje gerenciam o projeto.